A versão setentista do herói aracnídeo. |
O Homem-Aranha é um dos maiores heróis dos quadrinhos em todos os tempos. Criado por Stan Lee e publicado pela Marvel Comics, o personagem teve sua primeira aparição em 1 de agosto de 1962 na publicação Amazing Fantasy, durante a era de prata dos quadrinhos, tornando-se um dos grandes títulos de fama internacional, fazendo sucesso até os dias de hoje.
O herói aracnídeo foi adaptado para sua primeira série animada ainda nos anos 60, ganhando ao longo das décadas novas publicações, várias outras séries em animação, jogos para videogames e todos os tipos de produtos que se possa imaginar. Já quanto a filmes e séries live-action, teve sua primeira adaptação nos ano 70, com a série The Amazing Spider-Man (O Espetacular Homem-Aranha), sendo que esta contou com três longa-metragens, incluindo o episódio piloto que mostrava a origem do herói. A série foi produzida pela Columbia Pictures Television e exibida na rede CBS entre 1977 e 1979, contando com duas temporadas.
Para interpretar o jovem estudante e fotógrafo Peter Parker, a identidade secreta do Homem-Aranha, foi escolhido o ator Nicholas Hammond, que até então era conhecido por ter atuado no filme "A Noviça Rebelde" (The Sound of Music) de 1965, no papel de Friedrich, quando tinha apenas 15 anos de idade. Agora aos 27 anos ganhava sua oportunidade de protagonizar uma grande série, no papel do mais icônico herói da Marvel Comics. A figura do ator ficou tão marcada como Peter Parker que suas feições passaram a servir como base para três séries animadas do herói, sendo duas produzidas em 1981 e uma em 1994. Apenas em 2002 houve uma outra adaptação para cinema, sendo a famosa trilogia dirigida por Sam Raimi e estrelada por Tobey Maguire, que fez com que o público acabasse esquecendo da produção setentista do herói.
Cena do episódio "A Noite dos Clones" da 1ª temporada |
A série estreou com seu filme piloto para a televisão em 14 de setembro de 1977 tendo grande sucesso com o público, sendo que os episódios regulares da primeira temporada foram exibidos à partir de 5 de abril de 1978. O piloto foi chamado apenas como "Spider-Man", enquanto a primeira temporada ganhou o já mencionado título de "The Amazing Spider-Man" e a segunda foi novamente chamada apenas como "Spider-Man". No Brasil a série ganhou o título "Homem-Aranha" em ambas as temporadas. Já os filmes, que por aqui foram exibidos nos cinemas por influência do sucesso de "Superman" com Christopher Reeve, ganharam os títulos Homem-Aranha: O Filme (Spider-Man), Homem-Aranha Volta a Atacar (Spider-Man Strickes Back) e Homem-Aranha e o Desafio do Dragão (Spider-Man: The Dragon's Challenge). Curiosamente o segundo filme surgiu de uma junção do episódio duplo "The Deadly Dust" que iniciara a primeira temporada em 1978, enquanto os outros dois abriram em fecharam a produção, respectivamente em 1977 e 1979.
O elenco do filme piloto mostrava algumas diferenças quanto aos episódios regulares da série, por exemplo o ator que intepretava o editor-chefe do jornal Clarim Diário, J. Jonah Jameson, neste era David White (Larry Tate na série "A Feiticeira"), enquanto na série regular e demais filmes foi substituído por Robert F. Simon. O filme também apresentava o personagem Robbie Robertson (Hilly Hicks) como assistente do jornal, enquanto na série foi substituído pela secretária Rita Conway (Chip Fields) que não era uma personagem original dos quadrinhos, assim como o Capitão Barbera (Michael Pataki), que aparecera no filme e em toda a primeira temporada. A Tia May foi interpretada por Jeff Donell no filme, sendo substituída por Irene Tedrow na primeira temporada, onde curiosamente a personagem teve uma única aparição, mais especificamente no episódio 4, intitulado "A noite dos Clones".
No filme piloto conhecemos a origem do herói, assim como o início do trabalho de Parker como fotógrafo em meio período no jornal Clarim Diário. Aqui tudo ocorre de forma bem mais simples que nos quadrinhos, pois Peter fora picado por uma aranha atingida por radiação no laboratório da universidade, percebendo que ganhou grande força e habilidades para escalar paredes em uma ocasião onde seria atropelado por um veículo, decide usar seus novos poderes para combater o crime. Nesta série a morte do Tio Ben, que nos quadrinhos é a motivação para o surgimento do Homem-Aranha, nunca é mencionada. No segundo filme, gravado em 1978, Peter menciona que a motivação da luta contra o mal é sua própria consciência, pois de nada adianta ter poderes se não for para ajudar os outros.
Enquanto no piloto o jovem Peter ainda morava com sua tia, nos episódios regulares já o vemos morando sozinho em um apartamento, dividindo seu tempo entre estudos, trabalho e luta contra o crime. Os primeiros episódios tem um tom levemente parecido com os quadrinhos, pois apresentavam certo nível de fantasia e ficção, embora esta produção nunca tenha apresentado nenhum dos reais inimigos do Aranha, como Duende Verde ou Dr. Octopus, pois aqui ele lutava contra bandidos reais, vez por outra com algum super poder. A segunda temporada apresentou algumas mudanças, por exemplo, Peter já estava formado e segue seu trabalho como fotógrafo, porém agora com maior confiança de seu chefe ranzinza. Ainda neste ano houve a adição da personagem Julie Masters (Ellen Bry), uma fotógrafa de um jornal rival, que passa a ser a melhor amiga de Peter, assim como seu interesse romântico, já que a série nunca apresentou as personagens originais Gwen Stacy e Mary Jane Watson.
Stan Lee e Nicholas Hammond durante as gravações |
A proposta da série era apresentar um protagonista maduro, que transmitisse um tom de segurança e responsabilidade ao público, assim como as demais produções da época. Dizem que este fator desagradou o criador do personagem, Stan Lee, já que isso divergia da trajetória dos quadrinhos, onde o jovem Peter tinha que lidar com a responsabilidade na luta contra o crime e administrar seus problemas pessoais, o que muitas vezes o deixava em dúvida de qual caminho trilhar. Nesta produção Lee foi creditado como consultor de roteiros. Pode-se dizer que, dentro da proposta da série, o ator Nicholas Hammond teve uma atuação brilhante, mostrando Peter como um jovem responsável, consciente de sua missão e com um olhar detetivesco.
O visual e trilha sonora trilha sonora eram bem característicos de sua década, onde os atores usavam roupas e penteados típicos dos anos 70. Na primeira temporada o protagonista sempre usava um elegante terno esportivo, sendo que na segunda variava com calças boca de sino e camisas polo. A trilha de abertura e encerramento foi alterada da primeira para a segunda temporada, porém ambas tinham ritmos bastante animados e combinavam com as cenas de ação e investigação, assim como as demais músicas executadas durante os episódios.
Julie Masters, Peter Parker, J. Jonah Jameson e Rita Conway |
O uniforme do herói era bastante fiel aos quadrinhos, porém com duas diferenças, sendo uma espécie de cinto cromado com o desenho de sua máscara no lugar da fivela e o lançador de teias, um aparato bastante chamativo, usado apenas em uma das mãos. Houve uma ligeira mudança no visor da máscara, já que na primeira temporada usava-se uma espécie de tela com furos para enxergar, enquanto na segunda foram colocadas lentes escuras, trazendo maior beleza ao icônico traje vermelho e azul.
Um grande destaque eram as cenas de ação, especialmente quando o herói escalava paredes e lançava teias nos inimigos, que mesmo com os poucos recursos tecnológicos da época apresentavam um resultado bastante satisfatório, ainda que atualmente muitos julguem ultrapassados. Deve-se mencionar o empenho e coragem do dublê Fred Waugh, que ao vestir o uniforme do herói fazia questão de entregar as cenas mais realistas possíveis, sendo que por vezes escalava grandes edifícios pendurado por cabos, caminhava em parapeitos e outros locais perigosos arriscando sua vida.
Infelizmente a produção durou apenas três filmes (sendo dois deles junções de episódios duplos) e nove episódios regulares com duração média de 50 minutos, divididos em duas temporadas. Isso ocorreu por conta da CBS já estar exibindo outras duas séries com temática de super-heróis, sendo A Mulher Maravilha (Wonder Woman) estrelada por Lynda Carter e O Incrível Hulk (The Incredible Hulk) estrelada por Bill Bixby e Lou Ferrigno. Ao contrário do que muitos pensam, o Homem-Aranha teve ótimos índices de audiência durante sua breve exibição, sendo que mesmo após o encerramento das gravações foi cogitado um filme onde o herói se encontraria com Hulk, projeto que infelizmente acabou ficando engavetado.
Álbum de figurinhas lançado no Brasil pela RGE |
No Brasil, a série estreou em meados de 1979 pela Globo, logo após a exibição do filme piloto nos cinemas. Em 1984 foi transferida para a TV Record e em 1986 para a extinta Rede Manchete. Ainda nos anos 80 foi lançado um álbum de figurinhas, alusivo ao segundo filme, pela RGE. A dublagem foi realizada no estúdio carioca Herbert Richers, onde Peter ganhou a voz de Carlos Marques e J. Jonah Jameson de José Santa Cruz, assim como nos desenhos animados do herói. Já nos anos 90 a distribuidora Intermovies lançou os três filmes, assim como alguns episódios da primeira temporada em fitas VHS, agora com nova dublagem realizada no estúdio paulista Gota Mágica, onde o herói foi dublado por Flávio Dias. Em meados de 2010 os três filmes da série foram lançados em um box de DVD's, pertencente à uma coletânea chamada Super-Heróis do Cinema, também com a dublagem da Gota Mágica.
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